Curvo-me na prancha que afugenta os anos-luz
se tardas, tarda o destino…
Sem ti, mastro, e eu, vela, só barlavento…
Não sei velejar.
Tropeço o vento
estatelo-me no sequeiro…
Que faço com o horizonte?
…
Desfraldo a vela
liberto a alma…
Que faço com a tangerina?
Inocento o tempo…
Sequei as lágrimas na diagonal
com versos de verde esperança…
Engrosso a multidão de sonhadores…
Busco-te mirante
em versos com metáforas, envergonhados…
…
Vem
debicar meus lábios
com beijos de sol…
Não inocentes as mãos…
Rasga convenções
inventa gestos
acende a brasa
dá-me a vereda, o trilho para chegar ao cume…
Sê maestro da orquestra e sequestra
dança-me nas letras de bichos de seda
solta-me o rouxinol
…
Desata o atilho e desfralda a ternura…
Define meu rumo
não sei navegar!
Carda o coração
de seda e veludo
e descalça, seguir-te-ei…
Deixa-me tocar teu peito
orlar o sereno azul da lua
na prata que furta ao mar…
Deixa que a noite amadrinhe o amor…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
perdida no nevoeiro
a dormência da bruma já nem incomoda
a alma habitua-se
eterniza-se, secretamente
a rotunda das estações…
acarinha-se a Primavera
a volúpia do Verão
o másculo peito do Outono
o bafio do Inverno…
já nem incomoda, a dormência da bruma
a busca que transpira em cada verso
giram, tímidas, as letras
do verbo sonhar…
rola o chapéu para os olhos
onde esconde a nudez…
a pele nua, feita de espuma
fundindo ondas…
a dormência da bruma…
já nem incomoda
ser musgo de muro ancião…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Invento a vida
Reinvento a vida
sem abraços servis que ladeiam a cintura…
Ser princesa em reino de segunda classe…
Sonhar
o perder de bocas sedentas no encontro de lábios
inquieta língua…
O castelo
sincero como o papagaio do rei…
O príncipe
é montada de cavalo branco
tal bola no roseiral…
Intransigente jardim de rosas
onde a sintonia dos corpos
é dona do alvorecer…
O sal dissolve-se na água
onde, em maré de feminino
se decompõe o veludo do chocolate
dissociando cacau e açúcar…
É proibida a doçura ser dona da madrugada!
Viajante em esfera de tortuoso aço
esmaga e engasga em colo de felino
predador…
Pré da dor…
O príncipe, de corda ao pescoço,
oculta-se em brilhante plumagem…
À princesa anã
não é permitida aproximação
ela cai do cavalo,
branca e pálida
esquálida
sedenta de vida…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Não podem ser assumidas dúvidas
dúvidas que espreitam
e nuas, sedutoras, ensandecem…
Dúvidas do sol e da lua
que com a quietude de sua beleza
iludem os tolos!
Duvidas do mar e do sorrir
que ilude a tristeza com o olhar
como se o banho de mar
infundisse esperança…
Praia extrema do inferno
que enfuna as velas de fogo
em que as sereias e seu canto
abandonam coração na vítrea areia.
Duvidar da dúvida que duvida da vida
e tece teias que enleia
e baralha
e confunde os afogados…
Não podem ser assumidas dúvidas
aparecem
permanecem
ensandecem…
O espelhar da ausência
na essência da inocência
é uma sapiência…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
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